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  • Foto do escritorThiago Oliveira

O horror no cinema japonês

Atualizado: 7 de mar. de 2023




Esse texto era para ter saído no halloween, mas acabei me perdendo no prazo por conta do trabalho e do texto sobre Silent Hill 2 (além da procrastinação), porém resolvi publicar o texto mesmo com quase um mês de atraso porquê gosto do assunto, então vale comentar.


A essa altura do campeonato, já não é novidade para ninguém que o meu gênero favorito é o horror e quase sempre consumo em forma de jogos, livros ,mangá, etc. Um tipo de mídia que estava em debito era os filmes, em especial os japoneses, logo resolvi assistir uma listinha de clássicos e por que não comentar sobre? vamos lá


A Mesa de Jantar de Noriko (2005) - Sion Sono



O longa é narrado em três partes, passando pelo ponto de vista de três personagens: Noriko, sua irmã Yuka e seu pai Taeko. A primeira parte conta a história de Noriko, uma jovem solitária, insatisfeita com tudo que a cerca, principalmente pelo tratamento dado pelo seu pai, que ela considera egoísta. Através de um chat na internet, ela conhece um grupo de jovens com a mesma visão do mundo, e decide se aventurar para conhecê-los em Tóquio. Adotando o pseudônimo de Mitsuko, Noriko chega à capital do país a procura de Ueno Station 54, apelido da líder do grupo que ela fazia parte na internet. Através dela, Noriko começa um estranho trabalho onde os integrantes oferecem uma espécie de família de aluguel, ou seja, as jovens passam um tempo como se fossem familiares de pessoas solitárias, encenando histórias negociadas antes. Mas qual a finalidade disso tudo? O grupo está ligado diretamente a onda de suicídios que viria a ocorrer no japão, relatados no filme O Pacto. A personagem Ueno Station 54 se refere ao suicídio dos 54 estudantes na plataforma de metrô. A família de aluguel está ali para preencher o vazio de pessoas que não parecem ter mais motivação para viver, tratando principalmente o relacionamento entre familiares – Marido-esposa, pais-filhos, irmãos.


Mais reflexivo e menos violento, Noriko’s Dinner Table é um filme incômodo à maneira como diretor aborda coisas do cotidiano, problemas que parecem tolos demais ao nosso ponto vista. Mas tudo isso que é citado nas entrelinhas merece uma reflexão em como o relacionamento do ser humano parece cada vez mais distante, cada vez mais vazio, cada vez mais fútil. O elenco é competente e tem atuações seguras – principalmente na perturbadora cena final que dá nome ao filme.


Sion Sono é um dos diretores mais inquietantes do japão. Ao lado de Takashi Miike, tem uma carreira consolidada com filmes que chocam tanto pelo conteúdo gráfico, quanto pelos temas abordados


Ôdishon (1999) - Takashi Miike



A trama conta a história de Aoyama, que depois de 10 anos sozinho após o falecimento de sua esposa, decide se casar novamente, influenciado por seu filho. O problema de Aoyama é encontrar a mulher perfeita que substitua a sua falecida amada. Um amigo decide ajudar, realizando uma Audição para escolha de atrizes para um suposto filme. Aoyama se apaixona por Asami, uma doce e tímida aspirante a atriz. Os dois começam a se encontrar e Aoyama fica cada vez mais apaixonado por Asami. Boa parte do filme é um romance entre os protagonistas lembrando até um drama e arrancando algumas risadas do espectador, no decorrer da história, toques surrealistas começam a revelar o passado de Asami e quais são suas reais intenções com o protagonista. Asami é uma mulher doce, mas guarda dentro de si um ressentimento de seu passado – o mistério que aos poucos se revela para Aoyama.


Audition é mais um filme japonês que fala sobre solidão. É impressionante como os diretores nipônicos conseguem retratar a solidão de modo tão tocante, e mostrar a condição atual do país. Alguns podem considerar a violência explícita do filme como um problema, mas se tratando deste excêntrico diretor, considero um ponto alto em suas obras, um diferencial – coragem para mostrar o que outros escondem.


Takashi Miike é um diretor polêmico e controverso, tendo realizado do início dos anos 90 até hoje mais de 60 filmes. Conhecido por produções extremamente violentas.


Kwaidan (1964) - Masaki Kobayashi



É uma antologia, o filme adapta quatro contos do folclórico japonês:


Os cabelos negros: narra a vida de um espadachim e sua esposa que vivem em Kyoto, eles são muito pobre e por isso o marido resolve abandonar sua mulher para ir viver com uma herdeira muito afortunada, porém essas nova esposa é mesquinha, ruim e irritante. A trama se desenvolve quando marido resolve voltar a sua antiga esposa que era amável e gentil.


A mulher das neves: dois lenhadores estão voltando para casa quando são acometidos por uma forte nevasca, o lenhador mais velho acaba sendo morte pela Yuki-Ona, o espirito da neve que poupa o rapaz contanto que ele nunca conte o que viu.


Hoichi, o sem orelhas: Hoichi é um musico cego que conta historia de batalhas pela musica, um dia ele começa a ser visitado por espíritos que o pedem a ele para tocar na casa de seu mestre.


Em uma xicara de chá: a historia se desenvolve em torno de um samurai que começa ver rostos em suas xicaras e acaba por ser atormentando por esses espíritos.


A intenção nessa apresentação que fiz é ser raso mesmo, apenas apresentar rapidamente os contos sem entregar o ouro. Kwaidan é de longe o meu favorito de toda essa lista, por mais que ele não te aterrorizante ou te assuste, ele é artisticamente muito lindo e apaixonante, tudo nesse filme é bonito, todos os quadros, todas as musicas e as atuações são ótimas, claro que por se tratar de um filmes do anos 60 é de se esperar os efeitos especiais meio toscos, mas isso não abala nem um pouco a qualidade dessa obra, vale muito a pena ver.


Masaki Kobayashi é dos homens mais talentoso da sua época, anseio para poder assistir outras obras dele.


A Cura (1997) - Kiyoshi Kurosawa



Kenichi Takabe é um detetive policial emocionalmente reprimido com uma esposa mentalmente instável. Takabe investiga uma série de assassinatos bizarros. Por mais que cada vítima seja sempre morta do mesmo jeito, com um grande "X" marcado no peito, o acusado sempre muda. Em todos os casos, os assassinos foram pegos próximos à cena do crime, e por mais que eles confessem ter cometido os crimes, eles nunca têm um motivo substancial nem conseguem explicar o que os levou a cometer o assassinato.


Esse filme lembra muito Seven (1995), não há nenhum plagio, apenas pode ser dizer que houve uma inspiração, o filme deixa o espectador preso em volta do enredo e angustiado em algumas situações, mas o filme sofre de ser muito parado e pouco explicativo, a ponto que na minha opinião se torna ate um pouco tedioso, acredito que tenha sido um erro do roteiro ter apresentado o assassino tão cedo, claro que isso cria uma angustia muito forte quando ele está próximos das vitimas, porém isso não ajuda muito a melhorar a narrativa parada do filme, não é ruim, longe disso, no entanto requer muita atenção.


Kiyoshi Kurosawa entrega um filme bonito, com uma direção de arte linda, com uma trilha sonora impecável e com um mistério que te prende, mas sofre para executar tudo isso sem cansar o publico, espero ver mais filmes dele futuramente.


Ringu (1998) - Hideo Nakata



Ringu é baseado no livro homônimo de Kôji Suzuki, um autor de livros de horror popular no Japão, a história começa parecido com um daqueles tradicionais slasher movies: duas adolescentes estão sozinhas em casa, à noite, e uma conta à outra a lenda urbana sobre uma fita VHS amaldiçoada, que teria sido gravada misteriosamente em um canal de TV sem transmissão, registrando imagens desconexas que lembravam um pesadelo. Mas o detalhe é que quem assistisse à fita receberia, logo depois, uma ligação telefônica anunciando que iria morrer em sete dias. E, realmente, todas as pessoas que assistiram à fita morreram uma semana depois, de forma inexplicável.


Um suspense psicológico, onde o medo surge naturalmente. O início é assustador. Os 50 minutos seguintes são de pura investigação e suspense, com raríssimos momentos de ação, mas bombardeando o espectador a cada momento com mais e mais peças do quebra-cabeças. Já os 20 minutos finais são o que de mais assustador foi feito no cinema de horror há muito tempo. E tudo mostrado de uma forma realmente assustadora, sem abusar para a tradicional overdose de efeitos digitais ou violência explícita, tão comum ao cinema de horror americano e europeu. O filme, injustamente, ganhou um único prêmio, o Golden Raven Award, no Festival Internacional de Fantasia de Bruxelas, na Bélgica, em 1999.


A franquia Ju-on - Takashi Shimizu



Não da para comentar todos os filmes de Ju-on, o texto ficaria muito extenso e gastaria muito tempo só para conectar as obras, ainda sim vale muito a pena ver os filmes dirigido pelo Shimizu, ele sempre da um jeito de interligar as obras, além disso o fato dos filmes ter um orçamento apertado rende uma variedade de efeitos práticos e os filmes possuem varias cenas que dão desconforto, como as cenas dos espíritos descendo a escadas e fazendo um som medonho, tudo isso marca.


Noroi (2005) - Kōji Shiraishi



Noroi acompanha um investigador de fenômenos paranormais em busca de respostas para um mistério envolvendo uma antiga entidade demoníaca conhecida como kagutaba. A trama segue a estética found footage, quando os personagens gravaram a ação com câmeras tremidas e de baixa qualidade e o material acaba sendo “encontrado” e “disponibilizado” depois da ação. Através de uma primeira leitura, a trama parece trivial. O jornalista especialista em fenômenos paranormais Masafumi Kobayashi desaparece em circunstâncias misteriosas, deixando para trás o material da última reportagem conhecida como Noroi. As primeiras imagens mostram uma série de entrevistas com diferentes personagens que aparentemente não possuem nenhuma ligação entre si. O lema de Kobayashi é que nenhum mistério deve ficar sem resposta, por pior ou mais assustador que seja. Após esta rápida introdução, o público começa a conhecer melhor os personagens. Alguns que aparecem por pouco mais de dois minutos, enquanto outros surgem, somem e reaparecem no desenrolar da trama.


A obra funciona como um quebra cabeças que mescla as imagens feitas por Kobayashi e os programas de televisão japoneses sobre temas paranormais. Aqui, todos os acontecimentos são importantes para entender a maldição do filme. Além disso, a película trabalha de forma muito eficiente na construção do suspense para uma conclusão acima da média. Quanto mais Noroi avança, mas densa e angustiante a trama fica. E se os demais filmes de terror japonês com fantasma trabalham muito mais com a ideia do fantasma vingativo, aqui temos uma entidade demoníaca e uma série de buracos para entender não apenas a motivação, mas a própria origem deste demônio. Tudo isso faz de Noroi uma produção realmente assustadora. Destaque para a sequência na qual somos brindados com um ritual realizado por moradores de uma comunidade para afastar simbolicamente o demônio. Repleto de simbolismo, como o próprio cinema oriental, tal sequência é uma justa homenagem aos espetáculos Kabuki, que já traziam tramas com demônios e espíritos nos séculos 16 e 17.


Bem, foram esses filmes que assisti em outubro, foi uma experiência muito gratificante conhecer essas obras e poder escrever sobre, a pior parte disso tudo foi achar link para ver esses filmes, Ju-on e Ringu são muito populares aqui no ocidente e foram fáceis de achar, agora o resto deu certo trabalho, mas vale muito apena.


Outra coisa, eu deixei de comentar sobre alguns diretores porquê não achei muita informação sobre a vida e carreia do mesmo, assim optei por deixar vago.


Por fim, fica aqui uma recomendação do blog de um amigo que começou a publicar texto e também compartilha rpgs que eu participo inclusive, segue o link para quem se interessar:

https://diariosdeummestre.wixsite.com/inicio


Agradeço muito quem tirou um tempinho lendo, muito obrigado mesmo.


https://twitter.com/Thiago_oh9

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